quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Capricho da Mãe Natureza II

Foto: Andre Mosse
Um capricho só é pouco...
Mais um capricho da natureza!
Olhar sensível!
Vida onde não se imagina!
Singela apenas...
Vida!
Cibele

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Gelo Eterno?

Glacial Perito Moreno - Patagônia
Foto: Andre Mosse

Entender...

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector

Viajar é sentir...

Foto: Andre Mosse

Sentir
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente, porque todas as coisas são,
em verdade, excessivas e toda a realidade é um excesso,
uma violência, uma alucinação extraordinariamente nítida
que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
o centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Álvaro de Campos

Obs.: Parabéns Andre por chegar ao extremo sul do continente americano!
Apreciei cada detalhe das imagens e confesso que ainda estou imaginando o som deste lugar mágico!
Cibele

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Navegar é Preciso...

Foto: Cibele Delfim



Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

[Nota de SF
"Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

LoUcOs?

Foto: Cibele Delfim

Truques com Facas

Foto: Cibele Delfim



onde você aprendeu esses truques com facas?
você me corta de vez em quando
de vez em quando

você me cobre com um manto de veludo
me aquece, me faz parecer um rei
um rei que eu não sou

vc me prende com um beijo tão cansado
e eu sou os lábios de outro alguém
quem?

você me encanta com canções tão tristes
que o meu coração quer bater devagar
até quase parar

são truques com facas
que soltam faíscas
são truques com facas
são jogos, são iscas
são truques com facas
que soltam faíscas
vêm reto pro peito
e não deixam pistas


Maurício Pereira

Na Estrada II...


Foto: Cibele Delfim

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Estação da Luz...

Foto: Cibele Delfim

ONDE TODOS ESTÃO


A vida não é feia
É breve e maneira
Pra gente se perder
Curar e procurar
Ir, voltar de novo
Like a Rolling Stones
Pro povo, like a Beatle song
De novo onde todos estão
Então me dê um alô
Planos de vida ou canos
A gente se engana
Já fazem tantos anos
Anjos e demônios
Não vão adivinhar
O valor dos homens
Humor do mar
Melhor furar a onda
E não parar de contar
A vida é tão bonita
É a minha favorita
É bossa, é nova, é nossa
Não pára de chegar
Rolando de novo
Like a Rolling Stone
Pro povo, like a Beatle song
De novo onde todos estão


Composição: Cazuza / Mu

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Amizade...

Foto: Cibele Delfim


Amizade Sincera
A amizade sincera é um santo remédio
É um abrigo seguro
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso
Por isso se for preciso
Conte comigo, amigo disponha
Lembre-se sempre que mesmo modesta
Minha casa será sempre sua
Amigo
Os verdadeiros amigos
Do peito, de fé
Os melhores amigos
Não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo

Composição: Renato Teixeira

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Passos...

Foto: Cibele Delfim


Por essas ruas que eu ando deixo minhas marcas, meus passos.
Leves, fortes ou talvez apenas como pegadas na areia que se desfazem com o vento.
Mas quem seguirá os meus passos além daqueles que já estão ao meu lado,
caminhando os mesmos caminhos? Não sei.
Apenas sigo...
Com esses passos, às vezes pequenos, às vezes grandes, aos tropeções..
Que me deixam cair, mas me permitem levantar. Sigo!
Sigo pra tantos lugares, vendo tantas paisagens,
Sigo me perdendo pelos destinos, nos amores do caminho.
Mas, vivendo todos os meus momentos de felicidade.


-Cacau Bertrand

Uso da palavra...

Foto: Cibele Delfim

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos,
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

-Manoel de Barros

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pó de Pirlimpimpim

...Responde Visconde, responde pra mim, qual é a fórmula do pó de pirlimpimpim?
Este é um trecho de uma música de Maurício Pereira. Ao ouvir recordei a infância e encontrei um texto que diz muito sobre esta magia que não deveríamos esquecer!
Para ler mais acesse o site:
http://www.zenite.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=401417

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O mar é imenso?

Foto: Cibele Delfim

Pranto para comover Jonathan

Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.

Adélia Prado

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Viagem...

Foto: Cibele Delfim & Márcio Moreira

A viagem mais importante que podemos fazer na vida é encontrar pessoas pelo caminho.
(Autor desconhecido)

É pelo silêncio que se entra nesse lugar...

Foto: Cibele Delfim




O silêncio permite-nos ter uma vida por dentro, qualquer coisa que flutua por cima da pressa, da confusão das sensações, das notícias de jornal. Qualquer coisa que – para dizer de outra forma – permanece em sossego, como o fundo do mar, muito longe do reboliço superficial das ondas e do vento.
É pelo silêncio que se entra nesse lugar. E era importante que lá entrássemos, porque só assim nos aproximaremos da nossa dimensão humana. Todos devíamos ter um pouco de pastor ou de marinheiro, os clássicos vizinhos dos grandes horizontes e das estrelas.
É dentro de nós que nos podemos conhecer a nós mesmos e conhecer verdadeiramente o que são as coisas e as pessoas e os acontecimentos. Dentro de nós é que havemos de encontrar as sementes do ideal, do sonho nobre, da força para resistir e avançar. E se houver Deus é dentro de nós que O podemos conhecer bem.
(Paulo Geraldo)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Noite...

Foto: Cibele Delfim


Beira-mar
EU ENTENDO A NOITE COMO UM OCEANO
QUE BANHA DE SOMBRAS UM MUNDO DE SOL...
Luz do Sol

domingo, 24 de outubro de 2010

Idiofone...


Ó sino da minha aldeia

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Foto: Cibele Delfim

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Encontro breve...

Foto: Cibele Delfim

(...) Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Martha Medeiros

sábado, 9 de outubro de 2010

Foto: Cibele Delfim

"Ser pedra é fácil, difícil, é ser vidraça."
Provérbio Chinês

Que a energia se propague...

Foto: Cibele Delfim

"Primavera não é uma simples estação de flores, é muito mais, é um colorido da alma."
Jaak Bosmans

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Coração é terra que ninguém vê...

Foto: Cibele Delfim

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...

Cora Coralina

Vida...







Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Cora Coralina











Foto: Cibele Delfim

IRA! Tarde vazia...




Você me ligou
Naquela tarde vazia
E me valeu o dia...

Valeu o dia!
Valeu o dia!
Você me ligou
Naquela tarde vazia
Na mente fantasia
Na mente fantasia
Na mente fantasia...


Foto: Cibele Delfim

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A poesia... ( = amor ?)






“Quando explicamos a poesia ela torna-se banal. Melhor do que qualquer explicação é a experiência direta das emoções, que a poesia revela a uma alma predisposta a compreendê-la."
Pablo Neruda














Foto: Cibele Delfim

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Fonte de VIDA!




Presente em mais de três quartos (75%) do corpo humano e da superfície da Terra, a água é fonte de energia, harmonia, paz, alegria, vida e muito mais...


http://www.youtube.com/watch?v=a2eNelu5tPE

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Nasça sempre com as manhãs...



Semente do Amanhã

Ontem o menino que brincava me falou
que o hoje é semente do amanhã

Para não ter medo que este tempo vai passar...
Não se desespere não, nem pare de sonhar

Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs...
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar!

Fé na vida Fé no homem, fé no que virá!

Nós podemos tudo,
Nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será.

Composição:Gonzaguinha
Foto: Cibele Delfim

sábado, 21 de agosto de 2010

Na Estrada II


Curva



Curvai



Curvai-me

Curvar-se



Curvai-vos



Curvas




Foto: Cibele Delfim

Prima distante de Lótus?

Se o parentesco é real não sei...
Mas foi o que veio a mente.
Sobre flor-de-lótus já li...
Lótus...
Pureza emergindo de águas lodosas
Cresce da escuridão do lodo
Flores abertas acima do turvo.
Se o impulso para a luz
não estivesse adormecido na semente
profundamente escondida
na escuridão da terra,
lótus não poderia
se voltar em direção à luz...


sábado, 14 de agosto de 2010

Sonho Domado


Sei que é preciso sonhar.

Campo sem orvalho, seca
A frente de quem não sonha.


Quem não sonha o azul do vôo
perde seu poder de pássaro.

A realidade da relva
cresce em sonho no sereno
para não ser relva apenas,
mas a relva que se sonha.

Não vinga o sonho da folha

se não crescer incrustado
no sonho que se fez árvore.

Sonhar, mas sem deixar nunca
que o sol do sonho se arraste
pelas campinas do vento.

É sonhar, mas cavalgando
o sonho e inventando o chão
para o sonho florescer".

Thiago de Mello

Foto:Cibele Delfim

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Canção de vidro


E nada vibrou...
Não se ouviu nada...
Nada...

Mas o cristal nunca mais deu o mesmo som.

Cala, amigo...
Cuidado, amiga...
Uma palavra só
Pode tudo perder para sempre...


E é tão puro o silêncio agora!


Mario Quintana

Foto: Cibele Delfim

domingo, 8 de agosto de 2010

Um pouco de Gibran


O Amor
E alguém disse:
Fala-nos do Amor:
- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir. E quando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins. Porque assim como o vosso amor vos engrandece, também deve crucificar-vos. E assim como se eleva à vossa altura e acaricia os ramos mais frágeis que tremem ao sol, também penetrará até às raízes sacudindo o seu apego à terra. Como braçadas de trigo vos leva. Malha-vos até ficardes nus. Passa-vos pelo crivo para vos livrar do joio. Mói-vos até à brancura. Amassa-vos até ficardes maleáveis. Então entrega-vos ao seu fogo, para poderdes ser o pão sagrado no festim de Deus. Tudo isto vos fará o amor, para poderdes conhecer os segredos do vosso coração, e por este conhecimento vos tornardes o coração da Vida. Mas, se no vosso medo,buscais apenas a paz do amor, o prazer do amor, então mais vale cobrir a nudez e sair do campo do amor, a caminho do mundo sem estações, onde podereis rir, mas nunca todos os vossos risos, e chorar, mas nunca todas as vossas lágrimas. O amor só dá de si mesmo, e só recebe de si mesmo. O amor não possui nem quer ser possuído.Porque o amor basta ao amor. E não penseis que podeis guiar o curso do amor; porque o amor, se vos escolher, marcará ele o vosso curso. O amor não tem outro desejo senão consumar-se. Mas se amarem e tiverem desejos, deverão se estes: Fundir-se e ser um regato corrente a cantar a sua melodia à noite. Conhecer a dor da excessiva ternura. Ser ferido pela própria inteligência do amor, e sangrar de bom grado e alegremente. Acordar de manhã com o coração cheio e agradecer outro dia de amor. Descansar ao meio dia e meditar no êxtase do amor.Voltar a casa ao crepúsculo e adormecer tendo no coração uma prece pelo bem amado, e na boca, um canto de louvor.

Khalil Gibran
Foto: Cibele Delfim

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Visita sem avisar


Borboleta = libertação da alma e a liberdade(física e de pensamento)


Dizem que sim...

Hoje recebi esta visita.

Chegou em casa,

entrou e pousou...

sobre meu corpo,

mesa, cadeira.

Desfilou pela casa.

Metamorfose?

Mudanças?

Transformação?

Cada um dá uma explicação!

Ah! Amiga borboleta!

Seja bem-vinda!!
Volte quando quiser!
A casa é sua!


Cibele Delfim

Fotos: Cibele Delfim

Vastidão...

Jalapão- TO
NOÇÕES
Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.
Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...
Cecília Meireles
FOTO: DAVI PAIVA

sábado, 31 de julho de 2010

Pra quem você guarda seu amor?

Foto: Cibele Delfim

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Composição: Nando Reis

Na estrada...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Reinvenção




A vida só é possível

reinventada.


Anda o sol pelas campinas

e passeia a mão dourada

pelas águas, pelas folhas...

Ah! Tudo bolhas

que vem de fundas piscinas

de ilusionismo... - mais nada.


Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível,
reinventada.


Vem a lua, vem, retira

as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços

cheios da tua Figura.

Tudo mentira! Mentira

da lua, na noite escura.


Não te encontro, não te alcanço...

Só - no tempo equilibrada,

desprendo-me do balanço

que além do tempo me leva.

Só - na treva,

fico: recebida e dada.


Porque a vida, a vida , a vida

a vida só é possível

reinventada.
Cecília Meireles
Foto: Cibele Delfim

terça-feira, 27 de julho de 2010

Só na natureza as belezas perduram...


Foto: Cibele Delfim


(...)
Grava bem o que vês pois que não tens escolha,

pois só na natureza as belezas perduram.

Olhando-as, os teus olhos deixam que recolhas

a alegria de achar o que poucos procuram.

Lá em baixo o frio lago de águas irrequieta

permite a formação de um veio que começa

a procurar seu leito em meio às plantas quietas.

E antes que te domine a idéia de partires,

de novo olha a cachoeira e não tenhas pressa

pois terás a emoção de ver nascer o arco-íris.

Théo Drummond

É o que me interessa...


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem.

Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e
é como uma saudade
De um tempo que
ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.
Lenine
Foto: Cibele Delfim

sábado, 17 de julho de 2010

..."Oswaldiando"















Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que sinto. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca, porque metade de mim é o grito, mas a outra metade é o silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda e que a pessoa que eu amo esteja sempre amada, mesmo que distante, porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade. Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta numa pessoa inundada de sentimentos, porque metade de mim é o que ouço e a outra é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim é o que penso e a outra metade é o vulcão. Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro de ter dado a minha face, porque metade de mim é lembrança do que fui e a outra metade... eu não sei. Que seja preciso mais que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me fale cada vez mais, porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte aponte uma resposta mesmo que eu não saiba e que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer, porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção. Que minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade Também....

[Oswaldo Montenegro]

Cabeça nas nuvens...




"Algumas das decisões mais sensatas da minha vida eu tomei com a cabeça nas nuvens".

Capricho da Mãe Natureza





Sabe qual é sua contribuição para o Mundo?
Nos ajuda a prestar atenção na beleza e delicadeza das cores...
Alexandre Cimatti